Falei ontem das minhas aulas de Lavores no Liceu, invenção por mim detestada, já que os rapazes escapavam à seca.
Nas aulas de Lavores transformei em Arte a tentativa de fazer o mínimo possível. Até ao Natal tínhamos que fazer um enxoval por turma para oferecer a uma criança pobre. Cotizavam-nos para comprar o berço de madeira e o resto era feito por nós: lençóis, fraldas, chambres, cueiros, tudo o que um bebé precisava na época. Algumas professoras da disciplina obrigavam-nos a comprar tecidos finos e fazer um enxoval principesco, que, diziam as más línguas, aparecia à venda na feira no sábado seguinte à oferta....
Uma outra aproveitava tudo o que as nossas mães pudessem enviar: restos de tecidos, pedaços de lã, etc e ensinava-nos a aproveitar todos os bocadinhos. Estes enxovais ficavam bem mais coloridos e simples. E não davam para serem vendidos.
Portanto, até ao Natal eu tornava-me perita em carapins (em Guimarães, sapatinhos de bebé). Todos os anos escolhia isso, já que contava sempre com a ajuda da minha mãe para terminar a obra.
Houve um ano em que a professora era uma bruxa má que decretou que eu ia fazer uma camisinha e um chambre! Eu? Pegar em agulha e linhas? Lá teve que ser: a minha mãe dava um grande adianto à coisa nos dias de intervalo em casa.
Depois do Natal tínhamos que escolher outro trabalho: foi assim que comecei uma interminável toalhinha de chá a bordar em ponto cheio e de cadeia e lá aprendi a fazer um pontito de cruz. Nada que me ajudasse muito para a vida.
Seria a tentativa de fazer um vestido de noiva para a Barbie que a minha irmã tinha trazido dos States que me reconciliaria com as agulhas uns tempos mais tarde. E me levaria a fazer vestidos, calças e saias para a minha primeira filha.
2 comentários:
Que avozinha prendada...os meu netos não vão ter essa sorte! :) E como eu gostava que me tivessem ensinado essas coisas...tinha dado cá um jeitaço cá em casa...
Passei para deixar um abraço...
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