Lisboa,25 de Novembro
Vídeo enviado por hertzonline
Eu era solteira ainda, vivia com os meus pais e irmãos numa velha vivenda na Amadora. Era sábado. Tinha chovido durante o dia, mas ao anoitecer a coisa agravou-se, porque a chuva caía violentamente sem parar há várias horas. Começámos a ver um autocarro com dificuldade em circular e sem poder largar os passageiros. Um dos meus irmãos foi à garagem-bomba de gasolina vizinha e eles estavam já atentar tapar as entradas de água com cartões. A garagem ficaria completamente inundada.
Em nossa casa, a cave começou a meter água. "Tragam baldes e panos", gritou o meu pai, tentando impedir que a água entrasse vinda do quintal. Em breve compreendemos a inutilidade dos esforços: a cave chegou a ter um metro de altura de água, os móveis a boiar. Desligámos a electricidade e subimos todos aos andares superiores, rés do chão e primeiro andar. Ficámos a assistir à inundação na nossa rua, que mais parecia um rio.
Só no dia seguinte tivemos a primeira antevisão da tragédia, ao irmos para a igreja em Lisboa, passando por muitas casas totalmente inundadas na estrada de Benfica. Ouvimos falar de um morto aqui e outro ali. Muito mais tarde tivemos consciência da desgraça que se abateu sobre a grande Lisboa naquele dia.
Ainda hoje, quando passo pelas zonas mais antigas da Estrada de Benfica, recordo a altura da lama e os parcos móveis a secar na rua.
2 comentários:
Naõ sabia que aí em Portugal a situação das escolas era semelhante.
Obrigado pelo comentário. Aliás seus netos são lindos, parabéns!
Sobre o post, aqui em São Paulo, qualquer pancada de chuva basta para causar enchentes e grandes engarrafamentos no trânsito. É uma situação que acontece a todo momento, e nossos governantes nada fazem para amenizar o problema.
Um abraço!
E poucos são os que se lembram dessa tragédia...
Venho também agradecer as suas palavras de conforto.
Beijos
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