Há dias, sentada à máquina de costura a fazer um véu e uma colchinha para a cama da Rebeca, lembrei-me da D. Alice.
Quando eu era criança, e éramos seis lá em casa, a minha mãe não dava conta do recado de toda a costura, e à quintas-feiras lá vinha a D. Alice, que se sentava à máquina e costurava e remendava e provava em nós. Levantava-se apenas para se sentar à mesa do almoço e ainda estou a ver o seu vulto forte inclinado para a máquina de costura.
Era uma senhora da igreja e nós apreciávamos bastante a sua vinda lá a casa. Vivia sozinha com um velho pai e um irmão deficiente mental, que, para gáudio dos miúdos, dava gargalhadas a despropósito na igreja e que ela tentava, envergonhada, fazer calar a todo custo.
Não sei o que foi feito desta família. Quando eu tinha quase 10 anos, mudámos de Viseu para Guimarães e perdemos-lhe o rasto. Mas lembrei-me dela há dias.
1 comentário:
Há pessoas inesqueciveis!
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