2.4.09

É Só Rir!

Redução de faltas poderá não ser real
01.04.2009, Clara Viana Os alunos do ensino básico e secundário estão a faltar menos ou são as escolas que estão a contabilizar menos faltas do que aquelas que foram dadas? A polémica estalou na sequência dos dados divulgados segunda-feira, pelo ME, apontando para uma redução, no primeiro período, de 22,5 por cento nas faltas registadas no 3.º ciclo e de 22,4 por cento no secundário.
A ministra da Educação atribui o feito ao novo Estatuto do Aluno, que obriga os faltosos à prestação de provas de recuperação. Os números revelam que há meios mais racionais para combater o absentismo do que a "ameaça de chumbo", disse Maria de Lurdes Rodrigues. "Um progresso absolutamente extraordinário", comentou o primeiro-ministro.
Mas nas escolas o anúncio está a ser recebido com alguma "perplexidade". Responsáveis contactados pelo PÚBLICO recordam, a propósito, que, por força do novo Estatuto do Aluno, aos estudantes que fizeram provas de recuperação e tiveram positiva são retiradas as faltas registadas, o que não quer dizer que, na prática, tenham faltado menos. "Podem ir acumulando faltas, acumulando provas e ir voltando sempre à estaca zero", resume Isabel le Gê, presidente do conselho executivo da Escola D. Amélia, em Lisboa. É uma das "perversidades" que aponta ao novo Estatuto: "Promove-se o oportunismo." Nos blogues de professores, a coberto do anonimato, são vários os docentes que admitem estar a marcar menos faltas para evitar, assim, a proliferação de provas de recuperação.
"A minha percepção é de que se registou uma redução, mas não no grau anunciado", adianta Álvaro Santos, presidente do Conselho das Escolas, um órgão consultivo do ME. Frisa que a questão merecia "um estudo mais detalhado" já que existem muitas variáveis a ter em conta e não só o Estatuto do Aluno. Um exemplo: devido à maior diversidade de currículos e à multiplicação da oferta de cursos profissionais nas escolas, os alunos que no ensino regular eram tradicionalmente os mais faltosos estão agora "mais presentes".
No primeiro período, a média de faltas injustificadas por aluno do terceiro ciclo foi de cinco. Luís Fernando, presidente do agrupamento Fernando Pessoa, nos Olivais, não se surpreende: "O absentismo continua a ser um dos grandes problemas da educação", do país, e "reflecte antes do mais a atitude das famílias para com a escola". O PÚBLICO tentou em vão obter mais informações do Ministério da Educação.
A ministra Maria de Lurdes Rodrigues defende que "não é com a ameaça de chumbo" que o absentismo se resolve.
in "Público", 1 de Abril de 2009

O pomposo anúncio do sr. Primeiro Ministro e da sua Ministra da Educação de que tinha baixado (e muito) o número de faltas dos alunos até ao Secundário só pode fazer rir a quem anda nisto das escolas. O que acontece é exactamente o que descreve o artigo acima. Então agora é assim:
- O aluno falta.
- O professor marca a falta.
- O Director de Turma passa a falta para o sistema informático.
- Se se der esse caso, o aluno entrega justificação da falta.
- O DT justifica a falta.
- O aluno continua a faltar.
- O DT marca uma prova para substituir as aulas de ausência.
- O prof prepara a prova (pode ser um teste ou não).
- O aluno vai fazer a prova.
- Se o aluno tem positiva na prova, são-lhe relevadas as faltas (até ficarem apenas 50% do total permitido).
- O DT vai ao sistema informático e apaga as faltas.

Voila.

1 comentário:

Rute CS disse...

Mentalidade Novas Oportunidades até nas faltas. Quando entrarem no mundo do trabalho, vão pedir ao patrão uma prova de competências de cada vez que faltarem...