18.2.16

Um Ano Sem a Mana Rute

"Senhor: sê Tu para mim uma rocha habitável em que sempre me acolha". (Salmo 71:3)
Faz hoje um ano que ela partiu. No meio das papeladas em sua casa encontrei este texto por ela escrito vários anos antes, e que, na altura, eu tinha apenas entrevisto, sem ela mo deixar ler.

UM SONHO
Eu tive um sonho que não foi profecia, uma ordem dirigida expressamente a alguém, ou algo de místico realizável.
Talvez seja um desejo interior, ou a satisfação de ver e sentir o natural descanso, numa fuga aos problemas terrenos. Quem sabe? Talvez os psicólogos possam ajudar, contudo não vou pedir essa ajuda, fico-me rendida apreciando todo o bem-estar desfrutado.
É assim:
Alguém me acompanhou numa escalada sem precedentes a uma montanha rochosa tão alta que jamais poderia existir no nosso mundo!
Era uma rocha lisa e clara. Lá em cima essa rocha estava ligada a outra igual, muito unida à primeira. O cenário era apenas de duas rochas despidas. A sua extensão não tinha fim. Só havia ar puro, muito ar, não poluído. Perguntei porque não podia ver plantas, rios, casas, etc. Não, porque os rochedos eram contínuos e despidos, sem fim, do tamanho do mundo. Respirei fundo; agora sim; nunca tinha sentido oxigénio tão agradável, ar puro nos meus pulmões. Comentei isso.
De repente, reparei na união dos dois rochedos. E ali, na outra rocha igual separada mas tão junto desta, o que há? Perguntei. Ali, naquela, vai ser a tua casa, repara. Apareceu uma pequena casinha, tipo desenho de criança: um telhado, uma janela, uma porta. Era o mais simples que eu jamais vira antes. Contudo, eu sei que havia conforto e abrigo lá dentro. O seu aspecto era novo e colorido, com o vermelho do telhado, o branco das paredes e o castanho da porta! Vês? Disse-me o meu companheiro: aquela vai ser a tua casa. Ali é que vais viver, naquela rocha.
Não consigo explicar o porquê de tamanha satisfação da minha parte, pois, desligada do mundo, ficaria muito só. Na verdade, eu tive um sonho feliz, sentia-me bem, não havia qualquer problema que me estorvasse. Pensei: agora sim, estou descansada!
Acordei! Dei voltas e voltas ao meu pensamento, procurando achar significados para este sonho. Lembrei-me da casa na rocha, segura e firme, que nunca cairá, cita a Bíblia, e dos hinos que cantamos sobre essa morada firme. Mas, ainda mais, pensei no significado de uma vida sem problemas de qualquer espécie. O oxigénio nos nossos pulmões, a pureza da montanha em contraste com o céu azul dão uma dimensão divina. E a casa também tem o significado do descanso sem fim e feliz. Sim, tudo está bem quando o Senhor nos dá a mão para subirmos  e ver tudo para além daquilo que é terreno, a sua paz, o seu descanso, tudo o que não podemos ter pelo nosso esforço, mas pela dádiva de Deus a todo aquele que O ama.
Este é o meu sonho.
Mas o meu desejo é que cada um de nós possa desfrutar desta rocha e deste descanso para sempre.
Rute Oliveira, 2006






1 comentário:

Anónimo disse...

TÃO BOM


lÍDIA