30.3.07

Resposta

Tirei a foto anterior no mesmo sítio onde tirei esta:

Primavera no Portinho da Arrábida

28.3.07

"Caminhos de Deus"

Esta amiga fez-me recordar este poema, que lhe dedico.

Senhor, sei que do alto vês melhor,
quanto mais se sobe maior a visão;
Teus olhos abrangem a eternidade:
contemplam o sol em sua imensidade,
vêem o verme a se arrastar no chão.

Para que então ficar gritando ao mundo:
olha o que tenho, o que sei, que sou?
Se lá do alto vês o mundo todo,
Tu sabes, Senhor, onde eu estou.

Tu sabes porque vim ao mundo,
tens uma missão para mim.
Nada mais falta que submissão,
dizer - Ordena. Abrir o coração.
Ouvir a ordem e obedecer assim:

Sem importar a obra que a mim couber,
ou o lugar em que meu campo esteja,
Pode ser obscura minha atuação,
o que importa é Tua aprovação,
ser tudo aquilo que queres que eu seja.

Talvez não tenha a sorte das estrelas
que belas cintilam, dando inspiração.
Talvez meu campo seja o mais mesquinho;
que me importa, se me tornar caminho
por onde passe a Tua compaixão?

Foram caminhos os servos do passado,
através da História um traço de luz:
Abraão, Moisés, José, Rute, Davi,
Jonas, Ester foram no tempo aqui
apenas caminhos em direcção da cruz.

Os que vieram depois também são caminhos
por onde a graça de Jesus passou
em busca do oprimido e do aflito,
caminhos que se fundem no infinito
no Único Caminho que um dia me salvou.

Agora, Senhor, a minha prece:
eu quero a graça de participar,
se não posso ser um caminho brilhante,
faze-me atalho na serra distante
mas onde o mundo veja Teu amor passar.

Usa-me, Senhor, durante todo o tempo,
para que no dia em que voltar ao céu,
possa dizer-Te, com um sorriso doce:
- Nada fiz, nada juntei, eu nada trouxe,
na terra fui apenas um caminho Teu.

Myrtes Mathias

27.3.07

Peripécias informáticas

Sempre confessei não entender nada de computadores, a não ser o essencial para fazer os trabalhos para a escola, incluindo a avaliação no Excel, (mas só numa página iniciada por uma das minhas filhas), navegar na net e manter este blog. Quando me falam de bytes e megabytes, falam-me chinês.
Pois este fim de semana, uma 'pen' marada avariou-me o Word. Resultado: posso navegar e ver blogs, posso lidar com fotografias, mas textos é que nada.
Para cúmulo do azar, há pouco e de repente, o teclado deixou de funcionar. Fui ver lá atrás e um fio estava caído. Ao tentar re-inserir o fio, não só o teclado se recusava a escrever, mas o rato também paralisou.
O computador ficou congelado várias horas, nem para trás, nem para a frente, recusando-se até a desligar, até que, fazendo o 'reset', voltou à vida! Teclado, rato, etc. O suficiente para estar aqui a escrever estas linhas.
Para a reposição do Word, aguardo a visita de um amigo, o T.P.
Tempos modernos!

26.3.07

Escola

O pai de uma aluna agride a mãe e esta anda a fugir com a filha, levando-a sistematicamente tarde à escola.
A mãe de um aluno declara que receia que o filho se esteja a tornar bi-sexual como o pai.
A mãe de um aluno passa o dia a vigiar o filho da vedação da escola, por recear que ele não coma, ou seja atacado por outros.
Trata-se de miúdos entre os 16 e os 18 anos.
Perante este panorama, muito bons são os alunos!

25.3.07

200 anos da abolição da escravatura na Grã-Bretanha


"Tão grande dor em tão pouco espaço", referia William Wilberforce no seu discurso no Parlamento que introduzia a luta contra a escravatura. Podem ler mais sobre isso no DN de hoje e aqui.
Wilberforce é um dos meus heróis. Ele foi contra tudo e contra todos, numa época em que um escravo mal valia o chão que pisava. Ele possuia uma condição social que lhe permitia ter ficado no seu canto. Sem ele, quem seria hoje livre?
Precisamos de pensar nas nossas escravaturas do nosso tempo: por exemplo, a escravatura sexual de mulheres e crianças em todo o mundo, mesmo no nosso.

2 anos de Migas


22.3.07

Nocturno

Costumo ler alguns baby-blogs onde os respectivos pais falam das noites mal dormidas. Aliás, hoje o meu próprio filho se queixa do mesmo mal!
Conversava há pouco com uma funcionária da minha escola, perguntando-lhe pela sua velha mãe, à beira da morte. E ela respondeu-me:
"Está mal. Hoje não dormi nem um minuto!"
Fiquei a pensar nos pais que perdem noites com os filhos e nos filhos que perdem noites com os pais. Na justiça poética que isto encerra.
Que feliz é esta velha senhora por ter uma filha que perde noites à sua cabeceira!

21.3.07

Dia Mundial da Poesia

Hoje uma colega celebrava o dia distribuindo a todos um poema. Segue o que me coube a mim:

FAZ-ME O FAVOR

Faz-me o favor de não dizer
absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

Mário Cesariny

"Primavera" de Edna de Araraquara


Descobri esta pintora 'naif' de nacionalidade brasileira mas radicada em Portugal nas paredes do consultório do meu oftalmologista e fiquei encantada.
É com esta beleza que desejo a todos uma esplêndida Primavera.

20.3.07

Citação

"Um aluno que insulta e agride um professor na sala de aula deve ser punido com prisão".
Xavier Urras, psicólogo, pedagogo, terapeuta espanhol no "DN Magazine"

19.3.07

Dia do Pai


A todos os pais da família.

18.3.07

Feiras e romarias

A capacidade que os portugueses têm de converter tudo em grandes romarias está evidente em cada cantinho do nosso país. Umas vezes a motivação é religiosa, noutras pode ser política.
Agora até a televisão despoleta a coisa, como podem ler no DN de hoje, a propósito do regresso da criança raptada a casa dos pais, contra a opinião de todos os técnicos.
Uma grande feira no exterior, comes e bebes, gente de todo o lado e até foguetes! Viva a festa!

17.3.07

Conversas

Avô para Joana (20 meses)

Avô: Quem é a querida do avô, quem é?
Joana: Xuana.
Avô (à espera de ouvir os nomes das outras netas): E mais?
Joana: A Xixina (avozinha).
Avô: E mais?
Joana: Migas!

15.3.07

Paradoxo

Há muitos anos, quando eu estava no ensino particular, só se falava em nacionalizá-lo. Porque será que, agora que estou no oficial, se fala tanto em privatizá-lo?

14.3.07

Dentro de casa


a Primavera

13.3.07

Ainda o aborto

A história veio de repente, sem que nada a fizesse prever ou sequer que alguma vez tivéssemos abordado o tema. Ainda introduzi um "Sou contra o aborto..." mas ela continuou como se não ouvisse ou não lhe interessasse.
Há muitos anos, ela casada e com uma criança, mas com muitas suspeitas de que em breve ficaria só. O marido queria desesperadamente outro filho. Para salvar o casamento. Ela achava que não, que nada salvava nada, muito menos um outro filho para ela criar sozinha.
E contou-me tudo, incluindo os pormenores sórdidos, a cave manhosa, os lençóis enxovalhados, o balde cheio de sangue. E eu calada, sem entender porque me escolhera para interlocutora. Ela, frequentadora de procissões, mas abertamente vivendo "de forma liberal", confidenciando a mim, a 'certinha' dedicada à família e contra o aborto...
No fim, arrisquei: "Alguma vez te arrependeste?" Ela, segura: "Nunca!"
"Tudo poderia ter sido diferente, quem sabe..." digo eu.
Mas ela não quis que nada fosse diferente.

11.3.07

O trigo e o joio


(Foto de www.tamariskfarm.com)

Mateus 13:24-46

Onde estarei eu a ser joio no meio do trigo?

10.3.07

Perfeição

Se o 7 (sete) 7 é perfeição, é nada mais nada menos que isso que me é pedido por esta amiga bloguista. Sabendo, porém, que tal intento é, à partida, vão, aqui vai uma resposta ao desafio.

7 Coisas Que Faço Com Gosto
- Ler
- Ponto de cruz
- Pegar num bebé
- Pegar numa neta
- Pegar noutra neta
- Pegar ainda na outra neta
- Imaginar-me a pegar na próxima neta

7 Coisas Que Não Sei ou Não Posso Fazer
- Demitir o governo
- Demitir a Ministra da Educação
- Mudar o Estatuto do Professor
- Acabar com as aulas de substituição nos moldes actuais
- Transformar os meus alunos em estudantes
- Mudar a cabeça de algumas pessoas que conheço
- Mudar o coração de algumas pessoas que conheço

7 Coisas Que Me Atraem no Sexo Oposto
- Serem do sexo oposto
- Pensarem como sexo oposto
- Viverem como sexo oposto
- Falarem como sexo oposto (mesmo que isso passe pelo futebol)
- Rirem como sexo oposto (sem precisarem de grandes anedotas)
- Olharem com consideração para o sexo oposto
- Amarem o sexo oposto

7 Coisas Que Eu Digo
- Bom dia à chegada
- Até amanhã à saída (sou muito educada)
- Disparates sem pensar
- Graçolas
- "Onde é que está o espelho?" aos alunos que troçam uns dos outros
- "Tem alguma coisa a alegar em sua defesa?"
- "Fale agora ou cale-se para sempre"

7 Pessoas Que Devem Ser Celebridades
- Os portugueses que chegam a horas às actividades marcadas
- Os funcionários públicos que se preocupam com o seu trabalho
- Os médicos que não se limitam a despachar doentes
- Os empregados de lojas finas que não julgam os clientes pela sua aparência
- Os empregados de lojas normais realmente decididos a atender os clientes
- Os meus amigos que ainda o são depois de me conhecerem
- Os visitantes deste blog que resistem

Não passo este desafio a ninguém em particular, apenas o lanço ao espaço da blogosfera!

9.3.07

Dia do Prémio


Quando cheguei a Guimarães em 1958, quase a fazer 10 anos, fui iniciar a 4ª classe. À medida que 9 de Março do ano seguinte se aproximava, era constantemente alvo da pergunta: "Vais ao prémio?" (Convém dizer que eu era boa aluna...)
A 9 de Março desse ano e dos seguintes que vivi em Guimarães, entendi do que se tratava. Pelas mãos de uma Sociedade Cultural, a Câmara atribuia um prémio aos melhores alunos das escolas da cidade.
Nesse dia 9 de Março não havia aulas e todos se dirigiam com os seus professores às instalações (exíguas para tanto miúdo) da Câmara Municipal. Os nomes dos alunos eram chamados e recebiam das mãos do Presidente o prémio: um lanchezinho modesto e um livrito. Assim, fui recebendo "As Viagens de Vasco da Gama", "Como Criar Galinhas" e outros dos quais já me escaparam os títulos. Depois da sessão solene, o Cine-Teatro Jordão oferecia uma tarde de cinema grátis à pequenada toda, da cidade e arredores. Assim vi, por cima do ombro dos mais altos que eu, já que o espaço não abrigava todas as crianças sentadas, o Coro dos Pequenos Cantores de Viena e outras fitas que se me esfumaram da memória.

8.3.07

Humor



Enviaram-me isto por e-mail. Não sei quem é o autor.

7.3.07

50 anos de RTP



Acompanhar os programas de recordação dos 50 anos da televisão em Portugal é quase um 'flashback' da minha vida.
Recordo bem o início das emissões em Viseu, quando eu tinha 8 anos: todo o pessoal ficava embasbacado pela rua fora, impedindo o trânsito, a ver uma peça de teatro numa loja da cidade. E sem som...
Outros tempos!

6.3.07

Juventude

Hoje, ao recolher um teste, notei que a minha aluna J. guardava na mochila uma inconfundível embalagem de pílula anti-concepcional. Pensei de mim para mim: Bom, ainda bem!
Não me compreendam mal! Acredito e valorizo o sexo como componente do casamento.
No caso desta miúda, ela e o namorado, também meu aluno em outra turma, andam sempre por lá agarradinhos. Há tempos, uma colega 'confiscou' ao rapaz um trabalho que ele tinha feito para a minha disciplina, em cujo verso ele desenrolava uma ardente declaração a outra colega, que lhe respondia perguntando se ele não era 'casado'...
Por tudo isto pensei: mais vale assim!

4.3.07

Modernidade

O casal idoso vivia sozinho nos montes algarvios, o único filho emigrado. A senhora, há muito padecendo de Alzheimer, via o seu estado agravado de dia para dia, entregue por completo ao tratamento dado pelo marido, lavar, vestir, dar de comer, marido esse até então talvez mais habituado a ser tratado que a tratar.
A mulher ia piorando, dando-lhe acessos de fúria em que atacava o próprio marido, talvez por ter já chegado a desconhecê-lo. Na sua impotência, o homem tentou de tudo o que sabia para arranjar algum lar para interná-la. Nada nem ninguém lhe valeu.
Num dia negro, o desespero venceu: deu um tiro na cabeça à mulher que descansava no sofá, saíu para fora e suicidou-se com outro.

O caso foi verídico, veio nos jornais. A Câmara anunciou depois que teria arranjado solução para este casal. Que sociedade é a nossa em que se morre de desespero à nossa porta?

1.3.07

Na escola

De serviço na Biblioteca, vou apoiando os alunos que me procuram para tirar dúvidas ou ajudo-os a encontrar a informação pretendida. Hoje, encontro a uma mesa uma das minhas alunas, folheando o exemplar da Bíblia existente na Biblioteca, uma edição recente dos Capuchinhos. "A ler a Bíblia?" pergunto surpreendida, já que nunca lá vi ninguém pegar em semelhante livro, a não ser eu própria. Diga-se em abono da verdade que os alunos também não pegam muito nos restantes livros, a não ser que precisem de informação para algum trabalho. Preferem de longe a zona dos computadores.
"Sim", diz ela, "mas esta Bíblia é estranha: aqui no índice tem uns livros que eu não conheço!"
E assim fiquei a saber que a minha aluna K. é evangélica como eu.