28.2.07

Aposentação

Uma colega da escola - 68 anos de idade e 36 de serviço - recebeu ontem a comunicação de que seria hoje o seu último dia de trabalho. E assim lá foi despedir-se de nós. Há muito que ansiava por este dia, que o que vai para além dos 60 não se coaduna lá muito bem com adolescentes que são cada vez mais crianças e a paciência que vai sendo cada vez mais escassa.
Vai ficar vago agora o seu lugar até que os processos burocráticos a substituam.
Estranho este cessar repentino de funções, a meio do trabalho programado, testes para dar ou corrigir, avaliações a caminho. Quem vier, virá tomar um trabalho interrompido, sem saber muito bem por onde lhe pegar.
Teria que ser assim? A professora não poderia ter sido avisada com um mês ou dois de antecedência, encontrado o substituto e a transição planeada em conjunto? Os alunos não merecem mais respeito? Já nem falo nos professores! O ideal seria que as últimas aulas da professora fossem já acompanhadas pelo novo professor e que as turmas paulatinamente passassem de uma realidade para outra. Seria melhor para todos.
Mas quem quer saber disso?

27.2.07

"Teacher Man" by Frank McCourt

So, what took you so long?
I was teaching, that's what took me so long. Not in college or university, where you have all the time in the world for writing and other diversions, but in four different New York City public high schools. ( I have read novels about the lives of university professores where they seemed to be so busy with adultery and academic in-fighting you wonder where they found time to squeeze in a little teaching.) When you teach five high school classes a day, five days a week, you're not inclined to go home to clear your head and fashion deathless prose. After a day of five classes your head is filled with the clamor of the classroom.

24.2.07

Gustav Klimt


Death and Life

23.2.07

História VIII

Estavam noivos e preparavam o casamento. A sua alegria era exuberante e partilhavam-na com os amigos, muitos, a quem entregaram o convite cuidadosamente elaborado para ser diferente e só deles.
Com entusiasmo e a colaboração dos felizes pais de ambos, escolheram o local do casamento e da boda: um restaurante da moda, bem no centro da capital.
Os preparativos decorreram com celeridade e tudo em breve estava a postos: o fato dele, o vestido dela, o destino de lua de mel.
O radioso dia chegou. A madrugada fez-se dia de sol e os noivos chegaram.
Sim, eles chegaram, a família também estava lá, mas não os convidados. Após a breve cerimónia e preparado o lauto banquete, começam a ligar para os amigos: Que se passa? Estão atrasados?
Respostas variadas: Tivémos um furo, já não podemos ir. Surgiu-nos um negócio inesperado. Um parente visita-nos do estrangeiro. Tive que ir trabalhar hoje.
Entre as lágrimas da desilusão com tais amigos, os noivos decidem abrir as portas do restaurante chique para a rua: Que entrem os que não foram convidados, os transeuntes, os pedintes, os sem-abrigo!
Lenta e incredulamente, os pobres vão entrando, vão-se sentando nas cadeiras luxuosas, vão apalpando a seda das toalhas, cheirando o perfume no ar, deliciando-se com a música ao vivo, provando a comida deliciosa, bebendo os melhores vinhos do país.
E a festa de casamento foi um espanto, uma alegria!

Moral da história:
(Lucas 14:15-24)
Eu era uma das miseráveis.

21.2.07

Três Meses


"Formaste-me no ventre da minha mãe,
formaste-me no ventre da minha mãe.
Eu Te louvarei, eu Te louvarei!
Formaste-me no ventre da minha mãe!"

Parabéns, Marta!

4ª feira de Cinzas


Há seis anos atrás, passei o carnaval em Nova York com um primo, o meu filho e a minha nora (nessa altura apenas candidata). Inesquecível!
Notámos logo que lá não há carnaval: toda a gente a trabalhar e as ruas, como sempre, cheiinhas de gente.
Estranhámos uma bela manhã que tantas pessoas em Manhatten tivessem a testa enfarruscada. Seguindo a pista, parecia que toda essa gente vinha da Catedral de St. Patrick. Entrámos e vimos os lugares onde se passavam os dedos numa espécie de fuligem e se traçava uma cruz na testa. Era Quarta-Feira de Cinzas.
Interessante que nós, vindos de um país católico do velho mundo, cá não conhecêssemos tal costume e viéssemos dar com ele num país anglo-saxónico, de maioria protestante e na Big Apple!

20.2.07

Carnaval


"Carnival Evening" de Henri Rousseau

Coisas que Detesto no Carnaval:
- a ideia de que se pode fazer de tudo para logo se arrepender de tudo
- os foliões
- as brincadeiras patetas
- os estalinhos, as bombinhas, as bisnagas (felizmente, em desuso, segundo parece)
- as moçoilas desnudas, seja no quente Brasil, seja no patético Portugal, a toda a hora na TV
- o ritmo do samba a propósito de tudo

Coisas de que Gosto no Carnaval:
- a pintura acima
- três dias sem aulas (mas não sem trabalho!)
- as crianças pequenas convencidas que são princesa, cowboy, bailarina, etc.

19.2.07

Chuva


de regresso, para estragar o Carnaval. Ih ih!

17.2.07



Esta fotografia foi há semanas publicada na DN Magazine. No primeiro andar deste edifício, no Largo Camões, funcionava há 30 e tal anos o Externato Novo Rumo. Foi aqui que dei as primeiras aulas da minha vida e foi dessas janelas que assiti aos acontecimentos que se sucederam ao 25 de Abril. Esta bela fotografia trouxe-me memórias fantásticas!

16.2.07

Provas Globais

A Ministra acabou com as Provas Globais das várias disciplinas do 9º ano e foi à Assembleia da República explicar que, dado o seu 'leve' peso de 25% nas classificações dos alunos, "nenhum aluno chumbava por causa delas".
É verdade, ou melhor, era necessário haver uma grande discrepância entre a restante avaliação do aluno e a nota da prova global para esta afectar o resultado final.
No entanto, era uma prova moralizadora, tanto do estudo dos alunos no final do ano, como dos professores, 'obrigados' a dar a matéria toda para a Prova.
Dir-me-ão que tanto os bons alunos como os bons professores não precisam disso. Concordo. Mas era importante para os restantes.
Como anterior governo já fez com as Provas Globais no Secundário, este continua o caminho do facilitismo. Não está bem.

15.2.07

Escola

"A zona amazónica é a biblioteca genética da humanidade."

Era uma frase de um teste de Português do 7º ano, dado por um colega meu. Contava ele hoje que a maior parte dos alunos não foi capaz de responder à pergunta "onde?". Uma aluna não entendeu a frase, porque não sabia o que era uma biblioteca, vários outros não sabiam o que era uma zona.

14.2.07

Sic, "Fátima Lopes"

Há dias, a Maya, comentando as consultas de bruxaria alegadamente feitas em tempos por Pinto da Costa e Carolina Salgado:
"Se as pessoas usassem a cabeça, não recorriam a essas coisas negativas, sapos, sangue ..."

Se as pessoas usassem a cabeça, recorriam à Maya?

13.2.07

Terramoto

Não, desta vez não senti nada. Estava em Lisboa numa Acção de Formação e fiquei feliz por saber que a terra tinha dado um solavanco sem eu o sentir.
Não foi assim há 38 anos.
Era solteira, dormia com a minha irmã em casa dos nossos pais, na Amadora. Acordei com o rugido que vinha do subsolo, algo que nunca mais esquecerei. Abri os olhos e o roupeiro ao fundo da minha cama dançava, ameaçando cair sobre mim. A minha irmã, na cama ao meu lado, gritava. Saí da cama para a ir consolar e caí sobre ela. O nosso quarto parecia um navio em mar encapelado. Abri a porta aos meus irmãos e ficámos juntos, a ver o que se seguiria.
Parou. Surgiram os nosos pais, que, ao cair um frasquito no seu quarto, se tinham preparado para morrer abraçados.
Não foi desta.
Durante dias não conseguia conciliar o sono. Durante meses, anos foi o meu receio maior.
Uma amiga contou-me que, na véspera à noite, tinha lido o Salmo 46: "Deus é o nosso refúgio e a nossa força, é a nossa ajuda nos momentos de angústia. Por isso, não teremos medo, ainda que a terra se ponha a tremer, mesmo que as montanhas se afundem no mar; mesmo que as águas rujam furiosas e os montes tremam com o seu embate."
Nunca mais esqueci.

12.2.07

Publicidade

ao Ninivita nascido cá em casa. Logo às 21h na Antena 3.

Maria

A minha neta Maria de novo a passar uma noite em nossa casa. Converso com ela e vou-lhe contando o primeiro dia em que a conheci (e fui avó).
"Então a mamã foi para o hospital para a Maria nascer. A Maria nasceu e ficou a dormir numa caminha ao lado da mamã.
A avozinha chegou lá e cumprimentou a mamã, o papá, a avó T., o avô J. e depois olhou para a Maria, a dormir na caminha: era tão linda, tão linda!"
Maria:
"A Maria estava a sonhar com a avozinha."

11.2.07

SIM

à vida, hoje e sempre.
Vencida, mas não convencida.

10.2.07

9.2.07

11 de Fevereiro

Todos os que vão votar SIM são filhos de mães que optaram pelo NÃO.

8.2.07

Por Que Razão

terão mais direitos os filhos dos que optam pelo NÃO do que os filhos dos que optam pelo SIM?

7.2.07

Citação

"Cada criança ao nascer traz a mensagem de que Deus não perdeu a esperança nos homens".

E quantas vezes recusamos receber essa sua mensagem!

6.2.07

Eutanásia?

O idoso pai de uma colega minha está praticamente acamado. A minha colega desvela-se em cuidados para que ele se mantenha em sua própria casa e nada lhe falte. Sendo a única cuidadora, a solução que arranjou foi contratar umas senhoras que tratam dele, uma de dia, outra de noite, investindo nisso o seu salário quase todo. Por estes dias, na iminência de perder a senhora que fica de noite, tem envidado esforços para encontrar-lhe uma substituta. Narrava-me ela hoje a conversa telefónica que teve com uma candidata.
Minha colega: Sabe, o meu pai está acamado, temos que o levantar da cama até ao sofá e voltar a deitá-lo. Usa fraldas.
Candidata: Mas afinal que problemas de saúde é que ele tem?
Minha colega: Teve um AVC, é diabético e por causa da diabetes quase não vê.
Candidata: E ele ainda quer viver?

5.2.07

Mitos na Questão do Aborto

1º Mito
"Todos somos contra o aborto."
Mentira! Muita gente é mesmo a favor do aborto.
Basta ver as afirmações da directora da clínica abortista dos Arcos em Badajoz: diz ela que, quer mude a lei em Portugal, quer não mude, vai abrir uma filial em Lisboa. Não é, certamente, para convencer as grávidas a terem os seus bebés...

2º Mito
"As mulheres sofrem muito quando decidem fazer um aborto."
Mentira! Nem todas: já conheci algumas que trataram o caso como se tivessem ido arrancar um dente.

3º Mito
"As mulheres sabem sempre fazer as suas opções".
Mentira! Nem as mulheres, nem os homens optam sempre bem. Todos nós fazemos coisas de que nos arrependemos. Eu, por exemplo, estou arrependidíssima de ter votado PS nas últimas legislativas. E não é só por causa do aborto!

2.2.07

Portugueses

SmileyCentral.com
Diz o DN de hoje que os estrangeiros entre nós nos consideram sérios, pouco convictos do nosso valor, tristes.
Mas não! Nós somos muito felizes!
De manhã, levantamo-nos e encaramos logo o belo sol de que os estrangeiros tanto falam. Ficamos contentes. Mas, é claro, vamos a caminho do emprego e a cara fecha-se.
Somos felizes em ter emprego: mas o patrão, os clientes, os fornecedores são o nosso castigo!
Vamos almoçar: adoramos um cozido à portuguesa. Mas quando temos que pagar a conta...
Saímos finalmente do emprego: são 6 horas e o pôr-do-sol é lindo. Mas os transportes públicos, senhores! Amarramos o olhar.
Finalmente em casa: família linda! Mas tanto trabalho à nossa frente, o jantar por fazer, os miúdos com os TPCs, os banhos, a televisão que só dá desgraças!
Deitamo-nos exauridos.
Mas somos felizes, lá isso somos!
À nossa maneira, talvez.

1.2.07

Mesmo um céu carregado


traz consigo a promessa de azul.