23.2.07

História VIII

Estavam noivos e preparavam o casamento. A sua alegria era exuberante e partilhavam-na com os amigos, muitos, a quem entregaram o convite cuidadosamente elaborado para ser diferente e só deles.
Com entusiasmo e a colaboração dos felizes pais de ambos, escolheram o local do casamento e da boda: um restaurante da moda, bem no centro da capital.
Os preparativos decorreram com celeridade e tudo em breve estava a postos: o fato dele, o vestido dela, o destino de lua de mel.
O radioso dia chegou. A madrugada fez-se dia de sol e os noivos chegaram.
Sim, eles chegaram, a família também estava lá, mas não os convidados. Após a breve cerimónia e preparado o lauto banquete, começam a ligar para os amigos: Que se passa? Estão atrasados?
Respostas variadas: Tivémos um furo, já não podemos ir. Surgiu-nos um negócio inesperado. Um parente visita-nos do estrangeiro. Tive que ir trabalhar hoje.
Entre as lágrimas da desilusão com tais amigos, os noivos decidem abrir as portas do restaurante chique para a rua: Que entrem os que não foram convidados, os transeuntes, os pedintes, os sem-abrigo!
Lenta e incredulamente, os pobres vão entrando, vão-se sentando nas cadeiras luxuosas, vão apalpando a seda das toalhas, cheirando o perfume no ar, deliciando-se com a música ao vivo, provando a comida deliciosa, bebendo os melhores vinhos do país.
E a festa de casamento foi um espanto, uma alegria!

Moral da história:
(Lucas 14:15-24)
Eu era uma das miseráveis.

2 comentários:

Vilma disse...

Fiquei arrepiada!
Também sou um desses sem abrigo....agradecida por um banquete tão abundante e fausto! :)

Adriana disse...

tão bonito.. escreve muito bem, avozinha.