A história veio de repente, sem que nada a fizesse prever ou sequer que alguma vez tivéssemos abordado o tema. Ainda introduzi um "Sou contra o aborto..." mas ela continuou como se não ouvisse ou não lhe interessasse.
Há muitos anos, ela casada e com uma criança, mas com muitas suspeitas de que em breve ficaria só. O marido queria desesperadamente outro filho. Para salvar o casamento. Ela achava que não, que nada salvava nada, muito menos um outro filho para ela criar sozinha.
E contou-me tudo, incluindo os pormenores sórdidos, a cave manhosa, os lençóis enxovalhados, o balde cheio de sangue. E eu calada, sem entender porque me escolhera para interlocutora. Ela, frequentadora de procissões, mas abertamente vivendo "de forma liberal", confidenciando a mim, a 'certinha' dedicada à família e contra o aborto...
No fim, arrisquei: "Alguma vez te arrependeste?" Ela, segura: "Nunca!"
"Tudo poderia ter sido diferente, quem sabe..." digo eu.
Mas ela não quis que nada fosse diferente.
1 comentário:
Que pessoa tão crua, avó!!! Depois do que conta tambéma cho que foi melhor ...a criança não merecia uma mãe assim...
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