Está-se muito só numa sala de aula com uma turma indisciplinada. Tem-se muitas vezes a sensação de que só nos acontece a nós, que só nós não conseguimos dominar a situação. Frequentemente, os próprios colegas nos olham com comiseração, como se isso nunca lhes tivesse sucedido.
Aconteceu-me há uns anos, num colégio de boas famílias de Lisboa, dos tais "onde isto nunca podia acontecer". Um aluno tinha-me 'alvejado' com algo como giz enquanto eu estava no quadro. Fiz a respectiva participação. Mas tive que suportar os olhares e conversas entre dentes dos colegas, que discutiam se tinha sido giz ou um pedaço de borracha...
É uma área que temos que mudar nas escolas: precisamos de ser mais solidários e compreender melhor os colegas (habitualmente mais jovens) que são, quase literalmente, lançados às feras das turmas mais difíceis.
Quando, por obra e graça das aulas de substituição, sou forçada a fazer uma visita a essas turmas, muitas vezes me interrogo como é possível dar aulas ali, onde o problema menor serão os telemóveis...
28.3.08
26.3.08
Netos
Hoje, o Joaquim tem 4 meses; a Rebeca tem o dobro, 8 meses; a Marta tem o dobro, 16 meses; a Joana tem o dobro, 32 meses. Só a Maria não dobra a idade de ninguém, com quase 4 anos.
25.3.08
24.3.08
O Vídeo
Não consigo evitar comentar o já célebre vídeo da aluna e da professora.
Por um lado, foi bom que se desse a sua publicação, para que a generalidade dos portugueses compreenda a brutalidade da falta de educação que temos que enfrentar no dia a dia. Este tipo de situação é, infelizmente, muito comum.
Com toda a solidariedade para com a colega, eu não faria como ela. Jamais lutaria com uma aluna com o dobro do meu tamanho pela posse de um objecto. Se me acontecer um aluno rebelar-se contra o facto de eu ter que lhe retirar o telemóvel, deixo-lho imediatamente na mão. Mando-o sair e faço a respectiva participação disciplinar. Não me arriscaria nunca ser arrastada pela sala fora só para manter o objecto na minha posse. Mas compreendo que no calor dos acontecimentos nem sempre agimos da melhor forma.
Vejo alguns comentários na comunicação social que afirmam que os professores deram um mau exemplo de comportamento na célebre Marcha da Indignação. Não aceito de modo algum: todos temos o direito à manifestação pública ordeira (como foi) e até o Mário Soares disse que temos o direito à indignação!
Por um lado, foi bom que se desse a sua publicação, para que a generalidade dos portugueses compreenda a brutalidade da falta de educação que temos que enfrentar no dia a dia. Este tipo de situação é, infelizmente, muito comum.
Com toda a solidariedade para com a colega, eu não faria como ela. Jamais lutaria com uma aluna com o dobro do meu tamanho pela posse de um objecto. Se me acontecer um aluno rebelar-se contra o facto de eu ter que lhe retirar o telemóvel, deixo-lho imediatamente na mão. Mando-o sair e faço a respectiva participação disciplinar. Não me arriscaria nunca ser arrastada pela sala fora só para manter o objecto na minha posse. Mas compreendo que no calor dos acontecimentos nem sempre agimos da melhor forma.
Vejo alguns comentários na comunicação social que afirmam que os professores deram um mau exemplo de comportamento na célebre Marcha da Indignação. Não aceito de modo algum: todos temos o direito à manifestação pública ordeira (como foi) e até o Mário Soares disse que temos o direito à indignação!
21.3.08
19.3.08
Dia do Pai
17.3.08
Estatuto do Professor
Aconteceu hoje com a minha colega T.
Ao receber a folha para marcar as férias, verificou que lhe tinham retirado um dia aos que tinha direito. Motivo? No ano lectivo anterior, ela, que nunca falta, nem quando teve o marido a morrer, tinha-se sentido indisposta um dia de manhã e telefonara para a escola a avisar que ia chegar atrasada à primeira aula, Educação Cívica. Assim aconteceu. Melhorou e deu as seis aulas seguintes do seu horário, Inglês. Marcaram-lhe falta a um tempo. Por esse motivo, perdeu direito a um dia de férias.
Ficou furiosa, ela. Vários colegas lhe disseram o óbvio: na próxima, faltas o dia inteiro!
Ao receber a folha para marcar as férias, verificou que lhe tinham retirado um dia aos que tinha direito. Motivo? No ano lectivo anterior, ela, que nunca falta, nem quando teve o marido a morrer, tinha-se sentido indisposta um dia de manhã e telefonara para a escola a avisar que ia chegar atrasada à primeira aula, Educação Cívica. Assim aconteceu. Melhorou e deu as seis aulas seguintes do seu horário, Inglês. Marcaram-lhe falta a um tempo. Por esse motivo, perdeu direito a um dia de férias.
Ficou furiosa, ela. Vários colegas lhe disseram o óbvio: na próxima, faltas o dia inteiro!
16.3.08
15.3.08
13.3.08
Avaliações
Estou a falar da dos alunos.
O que mais me custa neste processo é ser acusada de injustiça, já que me esforço ao máximo para ser justa. As minhas classificações são milimetricamente calculadas no Excel, rigorosamente conforme os parâmetros adoptados para a disciplina na escola.
Há sempre uma boa dose de subjectividade, à qual eu fugiria, se pudesse.
Admito que qualquer aluno proponha uma classificação diferente, se for capaz de a explicar. E frequentemente acabo por concordar com ele/a, sobretudo porque, por exemplo, entre um 11 e um 12 num dos parâmetros, não há uma enorme diferença.
Não posso admitir é que no meio desta negociação uma aluna seja malcriada comigo. E foi o que me aconteceu hoje, ao ponto de ter que a expulsar da aula.
Isto já não me acontecia há um bom tempo. As minhas turmas são, em geral, cordatas.
E fiquei de rastos.
O que mais me custa neste processo é ser acusada de injustiça, já que me esforço ao máximo para ser justa. As minhas classificações são milimetricamente calculadas no Excel, rigorosamente conforme os parâmetros adoptados para a disciplina na escola.
Há sempre uma boa dose de subjectividade, à qual eu fugiria, se pudesse.
Admito que qualquer aluno proponha uma classificação diferente, se for capaz de a explicar. E frequentemente acabo por concordar com ele/a, sobretudo porque, por exemplo, entre um 11 e um 12 num dos parâmetros, não há uma enorme diferença.
Não posso admitir é que no meio desta negociação uma aluna seja malcriada comigo. E foi o que me aconteceu hoje, ao ponto de ter que a expulsar da aula.
Isto já não me acontecia há um bom tempo. As minhas turmas são, em geral, cordatas.
E fiquei de rastos.
11.3.08
World Wide Web
Que vasto universo é a net!
Imaginem que acabo de ser convidada, por via de ser uma avozinha internáutica, para ir ao programa da Júlia Pinheiro!
Feliz ou infelizmente, não correspondo ao perfil em questão.
Imaginem que acabo de ser convidada, por via de ser uma avozinha internáutica, para ir ao programa da Júlia Pinheiro!
Feliz ou infelizmente, não correspondo ao perfil em questão.
10.3.08
Porque será...
... que há ano e meio ficávamos com os cabelos em pé com as duas netas em casa e no fim de semana permanecemos impávidos e serenos com quatro em casa mais uma sobrinha-neta?
8.3.08
Marcha da Indignação
6.3.08
Mensagem Recebida por Email
Gosto de imaginar que tenha sido escrita por algum antigo aluno /a meu:
"Obrigado Professores!
Não sou professor pelo que escrevo esta carta de forma livre e desprendida. Acompanho o problema do ensino e estas alterações desde o ano passado. Julgo que estas mudanças foram más e incompletas. Fizeram-se pelos motivos errados.
No entanto não escrevo este artigo por esse motivo, o que me leva a escrever estas palavras é a parte pior deste processo todo: o lado humano. Ao longo deste ano li os mais diversos comentários, ouvi debates e assisti à tremenda injustiça que muitos fizeram.
O que eu vi do lado de quem defendeu esta mudança (a contar com a ministra) foi um ataque ao sistema antigo e por conseguinte aos professores e às suas capacidades. Li, de uma forma triste devo adiantar, "esses" defensores da mudança a desqualificarem uma profissão (e as pessoas que a exercem) que é das mais dignas e uma das mais importantes para garantir um futuro mais risonho para Portugal.
Pior que isso, esse ataque caiu sobre a franja de professores que têm uma carreira mais longa e por isso está em breve reformado(a). É a pior forma de acabar uma carreira entregue ao Ensino e à causa pública. Este é o verdadeiro motivo que escrevo a estes professores.
Quero agradecer a todos eles por me permitirem ser quem sou hoje (não foram os únicos mas também contribuiram), por poder escrever estas linhas. Obrigado pelas horas incontáveis que despenderam a preparar as minhas aulas. Obrigado pela forma inventiva como muitas vezes deram as aulas e permitiram que eu aprendesse matérias interessantes. Obrigado por terem contribuido para o meu espiríto critico e para o meu futuro.
Quero que saibam que eu estou muito orgulhoso do vosso trabalho, da verdadeira revolução que operaram nos anos 70 e principalmente nos anos 80, permitindo, com o vosso brio e capacidade de esforço, que o ensino chegasse a todos e não fosse apenas acessível a uma franja diminuta da sociedade.
Ignorem quem quer branquear todo esse passado e todo esse trabalho. Julgo que não sou unico neste sentimento e espero que quando terminarem as vossas carreiras saibam que existem milhares de pessoas que como eu estão muito gratas pelo vosso trabalho.
A todos os professores
Meu ENORME AGRADECIMENTO!!!"
5.3.08
Na Escola
Hoje surgiu a indicação na escola que afinal devemos considerar as faltas dos alunos até final do ano lectivo segundo o anterior Estatuto.
Grande alívio deles e também meu, sua directora de turma.
Sim, que isto de mudar as regras a meio do campeonato estava a causar a maior confusão para eles e para nós. Ainda bem que o ministério recuou.
Para o próximo ano lectivo, há tempo de preparar tudo com calma.
Este constante sair de leis e contra-leis é que está a deixar as escolas de rastos!
Grande alívio deles e também meu, sua directora de turma.
Sim, que isto de mudar as regras a meio do campeonato estava a causar a maior confusão para eles e para nós. Ainda bem que o ministério recuou.
Para o próximo ano lectivo, há tempo de preparar tudo com calma.
Este constante sair de leis e contra-leis é que está a deixar as escolas de rastos!
3.3.08
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