8.5.13

Depois do Adeus

Esta história deliciosa é verídica e aconteceu com um amigo meu há muitos anos, no quente outono de 1975. Mudei apenas os nomes das pessoas.
Nesse outono, o Edgar andava embeiçado por uma Diana que o tirava do sério. Tão sério era, que não deu em nada, como acontece quase sempre...
Pois o Edgar foi consertar umas electricidades a casa da moça e saíu tarde da zona onde morava a Diana, e isto em plena época do recolher obrigatório, possivelmente na própria noite de 25 para 26 de Novembro. Procurou transporte para a zona onde morava, no outro extremo da cidade de Lisboa. Nada. Passava um ou outro autocarro, um ou outro eléctrico, mas tudo para recolha. De táxis, nem vê-los. Solução? Ir a pé, apesar de estar a passar da meia-noite. A ideia era seguir até ao Cais do Sodré e aí pernoitar dentro de algum comboio deserto.
Foi mesmo aí, no Cais do Sodré do fado, que o triste fado do Edgar se concretizou: uma equipa militar andava a arrebanhar os incautos e o Edgar foi mais um que foi parar ao xilindró. A agravar o caso, não trazia qualquer documento de identificação, apenas um alicate e um busca-pólos, armas revolucionárias, pela certa...
Passou a noite preso, claro está, em amena cavaqueira com os restantes apanhados...
Na manhã seguinte, telefonou a um amigo para lhe ir levar os documentos, mas quando esse amigo lá chegou, já ele estava solto e prontinho a comer a refeição que lhe tinha sido prometida em casa de outros amigos...

3 comentários:

Filomena Pacheco da Ponte Silva disse...

Quem vai acreditar numa história dessas, Eunice? Só mesmo quem viveu esses tempos loucos! Eh eh.

Dulce Pereira disse...

Mas é verdade! Eu conheço o "Edgar". Ah! Ah! Só mesmo ele!
DP

Avozinha disse...

Sim, Dulce, só mesmo ele, que me contou esta história inacreditável só esta semana!