6.2.14

Praxes

Na época em que frequentei a Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, entre os últimos anos da década de 60 e os primeiros da de 70, as praxes eram um resquício do passado que tinha permanecido em Coimbra, mas que, à época, estava completamente fora de moda.
Nesse tempo, a maioria do pessoal na Universidade de Lisboa em geral e na Faculdade de Letras em particular ocupa-se e muito das lutas políticas, pela liberdade de reunião de estudantes, contra a Pide, contra os 'gorilas' que infestavam as RGAs na Faculdade ou na Cantina. Eu própria, que não me metia em confusões, assisti pelo menos uma vez, do alto da Biblioteca, à invasão da polícia da nossa Faculdade.
Praxes? Ridículo pensamento...
Claro que após os anos vivos do pós-25 de Abril a massa estudantil teve que arranjar uma forma de se divertir e inventou as praxes.
Dizem que servem para integrar os novos alunos. Acredito que sim, em parte. No meu tempo, de facto, ninguém se preocupou em me mostar a Faculdade, a Reitoria, a Cantina. Mas lá fui dando com a coisa.
Acredito que será a opinião pública que tão ocupada tem estado com este assunto que virá a arrefecer os ânimos mais assanhados no próximo ano lectivo e que, finalmente, cada aluno poderá decidir livremente se quer entrar no rebanho das praxes ou ficar na sua.
Na minha época também não havia bênçãos de pastas, nem Queima de Fitas, nem nada disso. Era-se muito mais livre e penso que não se bebia tanto como hoje, a desgraça das festas estudantis.

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