Vale sempre a pena saber o que diz a nova geração de profissionais sobre o ensino e as escolas. Neste caso, o mais interessante é que eu conheci o Pedro Lomba em miúdo, colega de 2º ciclo dos meus filhos.
Como o tempo passa!
28.2.08
27.2.08
Abuso?
Foi há mais de 20 anos, numa época em que ainda não se falava "destas coisas".
Eu era a Directora de Turma da A., aluna acabada de chegar ao 10º ano. Em breve descobriríamos que ela tinha graves deficiências cognitivas e não só. Era uma miúda com muita dificuldade de se relacionar com os seus pares, dava-se com as funcionárias, sobretudo. Também logo descobrimos que tendia a mentir ou a fabular, ou às duas coisas juntas. Era difícil separar umas das outras.
Na primeira reunião com os pais, no início do ano lectivo, salientou-se o pai, pessoa bem falante, cheia de ideias para melhorar o sistema, para ajudar a turma e os outros alunos, além da sua própria filha. Não costuma haver muitos pais destes, sempre presente na escola.
Em breve descobrimos que, na presença do pai, a aluna ficava muda. Talvez por causa das suas dificuldades perante o 'brilhantismo' do pai.
Foi muito para o final do ano lectivo que ela começou a contar a uma e outra funcionária que o pai "abusava dela". Ficámos estupefactos e duvidosos, já que ela contava tantas histórias. Pedi ajuda à psicóloga da escola. Tentámos tirar a coisa a limpo, sem alertar o pai, que a retiraria imediatamente da escola, receávamos.
A psicóloga falou pelo telefone com a mãe, que se recusou a vir à escola. Falou depois com a avó, grande apoio da miúda em casa. Recusou-se a vir à escola.
Ficámos sem saber bem o que fazer e, nestas andanças, chegou o fim do ano escolar. A A. não voltou mais à escola.
Ainda hoje sinto o peso de não ter podido ajudar mais esta garota. Com todas as possibilidades de hoje, teria sido muito mais fácil estender-lhe a mão, no caso de ser verdade o que contava.
Eu era a Directora de Turma da A., aluna acabada de chegar ao 10º ano. Em breve descobriríamos que ela tinha graves deficiências cognitivas e não só. Era uma miúda com muita dificuldade de se relacionar com os seus pares, dava-se com as funcionárias, sobretudo. Também logo descobrimos que tendia a mentir ou a fabular, ou às duas coisas juntas. Era difícil separar umas das outras.
Na primeira reunião com os pais, no início do ano lectivo, salientou-se o pai, pessoa bem falante, cheia de ideias para melhorar o sistema, para ajudar a turma e os outros alunos, além da sua própria filha. Não costuma haver muitos pais destes, sempre presente na escola.
Em breve descobrimos que, na presença do pai, a aluna ficava muda. Talvez por causa das suas dificuldades perante o 'brilhantismo' do pai.
Foi muito para o final do ano lectivo que ela começou a contar a uma e outra funcionária que o pai "abusava dela". Ficámos estupefactos e duvidosos, já que ela contava tantas histórias. Pedi ajuda à psicóloga da escola. Tentámos tirar a coisa a limpo, sem alertar o pai, que a retiraria imediatamente da escola, receávamos.
A psicóloga falou pelo telefone com a mãe, que se recusou a vir à escola. Falou depois com a avó, grande apoio da miúda em casa. Recusou-se a vir à escola.
Ficámos sem saber bem o que fazer e, nestas andanças, chegou o fim do ano escolar. A A. não voltou mais à escola.
Ainda hoje sinto o peso de não ter podido ajudar mais esta garota. Com todas as possibilidades de hoje, teria sido muito mais fácil estender-lhe a mão, no caso de ser verdade o que contava.
26.2.08
Ainda o Debate
A Fátima Campos Ferreira 'passou-se' várias vezes com as palmas dos professores. Mas isso só evidenciou a unanimidade presente de uma plateia de professores frente à Ministra.
Debate na RTP sobre a Educação
Espero bem que tenha sido esta a última vez que a Ministra me tirou o sono...
25.2.08
Diferenças sociais
Pedi aos meus alunos de Alemão que fizessem uma colagem sobre o tema Vestuário. A ideia era recortarem peças de vestuário de revistas, montarem-nas sobre alguns personagens e fazerem a respectiva legendagem em Alemão. Nada de mais simples. Pensava eu.
No dia da entrega do trabalho, o A. não o trazia. Então? "Pensava que a minha tia tinha revistas, mas não tinha." Os pais vivem em Angola, ele vive cá com essa tia.
De facto, apesar de mais de 37 anos 'disto', não me tinha ocorrido que alguém tivesse dificuldade em arranjar revistas velhas. Não se trata propriamente de uma questão de pobreza, já que o rapaz tem um telemóvel melhor que o meu. É mesmo fraqueza social, que põe em causa muitas outras componentes da formação deste rapaz.
Claro que já pus de lado umas tantas revistas para dar ao A. E já aprendi mais qualquer coisa.
No dia da entrega do trabalho, o A. não o trazia. Então? "Pensava que a minha tia tinha revistas, mas não tinha." Os pais vivem em Angola, ele vive cá com essa tia.
De facto, apesar de mais de 37 anos 'disto', não me tinha ocorrido que alguém tivesse dificuldade em arranjar revistas velhas. Não se trata propriamente de uma questão de pobreza, já que o rapaz tem um telemóvel melhor que o meu. É mesmo fraqueza social, que põe em causa muitas outras componentes da formação deste rapaz.
Claro que já pus de lado umas tantas revistas para dar ao A. E já aprendi mais qualquer coisa.
24.2.08
23.2.08
Marcelo Rebelo de Sousa
Dizia ontem o professor no Programa do Malato que gostaria de terminar a sua carreira como professor do Secundário ou do Básico.
Lamento informá-lo, Professor, mas não tem habilitações suficientes para isso.
Poderá dar Direito ao Secundário, mas precisa de fazer a Profissionalização, isto é, o novo Estágio não remunerado. Além disso, precisará de fazer provas públicas de admissão à carreira, nas quais não poderá ter classificação inferior a catorze valores.
Se quer a minha opinião, deixe-se estar como está, que está bem.
Lamento informá-lo, Professor, mas não tem habilitações suficientes para isso.
Poderá dar Direito ao Secundário, mas precisa de fazer a Profissionalização, isto é, o novo Estágio não remunerado. Além disso, precisará de fazer provas públicas de admissão à carreira, nas quais não poderá ter classificação inferior a catorze valores.
Se quer a minha opinião, deixe-se estar como está, que está bem.
22.2.08
Aquela Instituição
Disse aqui há dias que a minha sogra é, só por si, uma instituição! Mulher valente, de grande força exterior e interior, disfarçada por uma lamúria "ai a minha coluna, ai a minha vista"...
Ninguém a leva a fazer o que ela não quer. Diz que sim a tudo e a todos, mas faz só o que lhe dá na real gana. A ela, ninguém a leva!
Tem apenas mais 20 anos que eu e mais 18 que o primeiro filho, o meu marido, o mais velho entre 8 que deu à luz, de que restam apenas cinco. Foi criada no campo, na zona de Leiria e aos 5 anos a mãe "deu-a" para servir. Nunca mais voltou a casa.
Aos 14, apaixonou-se e foi viver com aquele que seria o pai dos seus filhos, com quem casaria de papel passado uns bons anos mais tarde. Um belo dia, decidiu acrescentar ao nome um que achava que devia ter. Ainda hoje há documentos oficiais com ele, que inclusivamente passou aos filhos!
Trabalhou a lavrar a terra, o filho mais novo metido num poceirão que levava à cabeça e pousava à sombra de uma árvore. Trabalhou em casa de "senhoras". Ao ficar viúva aos 30 e poucos anos, foi trabalhar para uma fábrica.
Era temida na sua juventude, entre a vizinhança. É que a Maria Russa (por ser loira) não deixava o crédito por mãos alheias! Ai de quem se metesse com um dos filhos: virava leoa!
A um médico da "Caixa" que jurou não lhe passar o medicamento que precisava, "puxou a mão atrás" e deu-lhe valente bofetada.
Ajudou-me muito, quando os meus filhos eram pequenos: vinha até cá a casa por uma ou duas semanas, (ela não aguentava mais), e nesse tempo eu aproveitava o prazer de chegar da escola e sentar-me à mesa. Deixava a casa toda num brinquinho, deixava-me o congelador cheio e mimava-me os miúdos com "casadinhos" de manteiga e outras iguarias.
Ainda hoje, ela não é mulher para estar parada. Muito doente do coração há décadas, jura sempre que não verá "o filho mais novo casado" (foi há mais de 20 anos...), ou que não assistirá a um qualquer evento familiar.
Graças a Deus, continua connosco, embora lá na sua casinha que não deixa nem por mais uma, igual a si mesma, dizendo que sim a tudo e fazendo só o que lhe convém...
Sempre me dei muito bem com ela. Esta é a minha humilde homenagem, Avó P.
Ninguém a leva a fazer o que ela não quer. Diz que sim a tudo e a todos, mas faz só o que lhe dá na real gana. A ela, ninguém a leva!
Tem apenas mais 20 anos que eu e mais 18 que o primeiro filho, o meu marido, o mais velho entre 8 que deu à luz, de que restam apenas cinco. Foi criada no campo, na zona de Leiria e aos 5 anos a mãe "deu-a" para servir. Nunca mais voltou a casa.
Aos 14, apaixonou-se e foi viver com aquele que seria o pai dos seus filhos, com quem casaria de papel passado uns bons anos mais tarde. Um belo dia, decidiu acrescentar ao nome um que achava que devia ter. Ainda hoje há documentos oficiais com ele, que inclusivamente passou aos filhos!
Trabalhou a lavrar a terra, o filho mais novo metido num poceirão que levava à cabeça e pousava à sombra de uma árvore. Trabalhou em casa de "senhoras". Ao ficar viúva aos 30 e poucos anos, foi trabalhar para uma fábrica.
Era temida na sua juventude, entre a vizinhança. É que a Maria Russa (por ser loira) não deixava o crédito por mãos alheias! Ai de quem se metesse com um dos filhos: virava leoa!
A um médico da "Caixa" que jurou não lhe passar o medicamento que precisava, "puxou a mão atrás" e deu-lhe valente bofetada.
Ajudou-me muito, quando os meus filhos eram pequenos: vinha até cá a casa por uma ou duas semanas, (ela não aguentava mais), e nesse tempo eu aproveitava o prazer de chegar da escola e sentar-me à mesa. Deixava a casa toda num brinquinho, deixava-me o congelador cheio e mimava-me os miúdos com "casadinhos" de manteiga e outras iguarias.
Ainda hoje, ela não é mulher para estar parada. Muito doente do coração há décadas, jura sempre que não verá "o filho mais novo casado" (foi há mais de 20 anos...), ou que não assistirá a um qualquer evento familiar.
Graças a Deus, continua connosco, embora lá na sua casinha que não deixa nem por mais uma, igual a si mesma, dizendo que sim a tudo e fazendo só o que lhe convém...
Sempre me dei muito bem com ela. Esta é a minha humilde homenagem, Avó P.
18.2.08
Cheias em Lisboa
(foto do Público)
Ao contrário do que aconteceu em 1967 e que aqui narrei no próprio 25 de Novembro, desta vez não me apercebi nada destas abundantes e fatídicas águas. Terá sido pelas novas janelas duplas da nossa casa? Pela otite que me ensurdece o ouvido esquerdo? Ou pela bênção das drogas que me foram receitadas?
Só no Centro de Saúde onde aguardei horas o médico atrasado pelas cheias é que fui entendendo pormenores da desgraça de hoje.
16.2.08
Hoje
não estive no Rato. Nem por um lado, nem por outro.
Mas faz muito mal o nosso primeiro em atribuir tudo aos comunistas. O que é certo é que os professores começam a estar cansados, muito cansados. Nunca sabemos que novidades nos aguardam ao iniciar cada novo dia de trabalho. Ele é o Estatuto de Professores, ele é o novo Estatuto do Aluno, ele é a Avaliação dos Professores...
Não é possível fazer um trabalho sério assim!
Os professores começam a ficar cansados, muito cansados. E isso é muito mau sinal, mesmo muito!
Mas faz muito mal o nosso primeiro em atribuir tudo aos comunistas. O que é certo é que os professores começam a estar cansados, muito cansados. Nunca sabemos que novidades nos aguardam ao iniciar cada novo dia de trabalho. Ele é o Estatuto de Professores, ele é o novo Estatuto do Aluno, ele é a Avaliação dos Professores...
Não é possível fazer um trabalho sério assim!
Os professores começam a ficar cansados, muito cansados. E isso é muito mau sinal, mesmo muito!
14.2.08
13.2.08
Lavadeiras
(Museu da Lourinhã)
Falou-se ontem de lavadeiras no programa da Júlia que, pelos vistos, pensava que isso era só coisa dos filmes.
Quando eu era criança, tínhamos uma lavadeira, aliás como quase todas as famílias de classe média. Uma senhora ia lá a casa buscar a trouxa e o respectivo rol, que trazia uma semana depois, limpíssima e com um cheirinho a sabão e a sol como já não há. De vez em quando, o rol não correspondia à roupa entregue e a coisa era esmifrada até à última cueca.
Essa instituição desapareceu para nós no dia em se comprou a primeira máquina de lavar, algures no final dos anos sessenta.
É interessante que, quando comecei a namorar com o que hoje é o meu marido, a minha sogra ocupava-se ainda desses afazeres para a sua família, em pleno ribeiro da Marinha Grande.
Mas ela é uma outra instituição!
12.2.08
Da Arte
Desta vez não fui à Estrela. Mas há tempos descobri que me tinha cruzado lá com a minha colega C., sem nos termos visto. Desde então, a cada feira ela procura afanosamente descobrir a minha sobrinha "Ilustrana".
Hoje, na escola, mostrei-lhe o seu blog e sua arte. Em breve se juntou um grupinho de profs de Artes e não só a apreciar os desenhos da Ana. E valem bem a pena!
11.2.08
Viagens
10.2.08
Quando...
... uma mãe dá um repelão e duas sonoras bofetadas num garoto de uns 5 ou 6 anos, à frente de funcionários, enfermeiras e utentes num Centro de Saúde e nem o primeiro nem os circunstantes esboçam a mínima reacção, sabemos que estamos no norte!
8.2.08
Não Me Dêem de Comer!
Fez-me pensar este artigo.
É algo que enfrento tanto na escola como na igreja, resultado de uma certa cultura de comodidade e facilidade que aceitámos na nossa sociedade.
Na escola, os alunos em geral esperam que o ensino seja fácil, indolor, divertido. Provavelmente preciso de os desafiar (ainda) mais para usarem o dicionário, procurarem na Internet, lerem livros e revistas.
Na igreja, precisamos também de desafiar o clima de "ir à igreja para se encher", precisamos de nos desafiar a viver mais aquilo em que cremos.
Leiam o artigo.
É algo que enfrento tanto na escola como na igreja, resultado de uma certa cultura de comodidade e facilidade que aceitámos na nossa sociedade.
Na escola, os alunos em geral esperam que o ensino seja fácil, indolor, divertido. Provavelmente preciso de os desafiar (ainda) mais para usarem o dicionário, procurarem na Internet, lerem livros e revistas.
Na igreja, precisamos também de desafiar o clima de "ir à igreja para se encher", precisamos de nos desafiar a viver mais aquilo em que cremos.
Leiam o artigo.
6.2.08
5.2.08
Carnaval
Sempre detestei o carnaval, especialmente quando era miúda. Sim, que nessa época era bem pior que hoje. Sair à rua era arriscar apanhar sustos com bombinhas, levar com bichas busca-pés ou, o mais comum e detestado, ser encharcada com a água possivelmente fétida das bisnagas.
Era eu jovem quando, nesta altura, fui subitamente apanhada por uma bisnagadela em plena cara. Estava tempo de chuva e eu nem pensei duas vezes: dei com o guarda-chuva em cheio no rapaz e, de seguida, corri pela vida até casa, que felizmente já era bem perto.
Morávamos numa velha vivenda com jardim à frente e eu ainda recordo o ar frustrado do rapaz ao portão, enquanto eu abria a porta de casa, já fora do alcance dele!
Era eu jovem quando, nesta altura, fui subitamente apanhada por uma bisnagadela em plena cara. Estava tempo de chuva e eu nem pensei duas vezes: dei com o guarda-chuva em cheio no rapaz e, de seguida, corri pela vida até casa, que felizmente já era bem perto.
Morávamos numa velha vivenda com jardim à frente e eu ainda recordo o ar frustrado do rapaz ao portão, enquanto eu abria a porta de casa, já fora do alcance dele!
4.2.08
1.2.08
Avó = Mãe a Dobrar
As dores dos meus filhos com os filhos deles, quer sejam as preocupações das doenças, quer aquelas inerentes ao crescimento deles, como as de ter que os deixar para ir trabalhar, fazem-me doer duas vezes: pelo que sofro agora como avó e pela recordação do que sofri quando os pais deles eram pequeninos! Quando um deles nasce, já disse várias vezes, preferia ser eu lá a dá-los à luz, em vez das minhas filhas ou da minha nora.
Deve ser por isso que se diz que ser avó é ser mãe duas vezes!
Deve ser por isso que se diz que ser avó é ser mãe duas vezes!
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