31.5.06

Da educação


Aproveito este 'boneco' do DN de ontem para comentar o debate da RTP sobre a violência nas escolas. O meu aplauso para a professora Fátima Bonifácio, que, sendo professora universitária, não vive nestes ambientes, mas que tão bem os caracterizou.
Só um reparo: as situações mostradas não são tão raras como se quis fazer crer.
É preciso devolver a dignidade aos professores. É preciso que a sociedade acorde para a gravíssima permissividade com que estamos a educar as nosas crianças, que permite que um miúdo frequente, por exemplo, a escola o ano inteiro sem levar o material essencial e logo sem entender nada do que se anda a tratar, que falte desalmadamente sem que nada lhe aconteça, que tenha 'negas' a uma série de disciplinas e chegue ao fim do ano e passe.

5 comentários:

Tinoca Laroca disse...
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Tinoca Laroca disse...

É preciso educar os educadores...
e é preciso educar os professores.
Todos precisam de formação. os professores estão desgastados, têm toda a razão. além disso não têm formação e colocam todas as crianças dentro de sacos. Os "maus", os "bons". Os "espertos", os "menos espertos". Os "malcriados", os "bem educados". os "inteligentes", os "burros".
A educação vai muito para além disto.
A escola deveria estar a desenvolver a educação quem sabe nos moldes de Vygotsky, a chamada "zona proximal" que é cientificamente provada que dá excelentes resultados.
Quem dos professores a desenvolve?
Os professores não têm formação de como podem desenvolver aulas com "zonas proximais" sem se desenvolverem batalhas tribais.
Uma vez fui a uma reunião (na primária) em que a professora não tinha qualquer autoridade. Enquanto falavamos, apagadores voavam pelo ar. E até eu já estava quase a tomar a autoridade que não era a mim que pertencia. Num outro ano, a classe teve nova professora, o mesmo se repetiu. No 3.º ano dessa classe, não houve qualquer problema. A professora sabia qual o seu papel.
Os alunos são mal educados pelos educadores (pais,encarregados educação) sem dúvida.
Mas os professores também não estão preparados, e, muitos, são muito maus professores.
A educação vai mesmo mal. Mas isto também não é novidade. No meu tempo já era assim, só com uma diferença. nesse tempo o professor era um "bicho papão". Tinham poder a mais.
Nunca se encontra um equilibrio sabe-se lá porquê.
Este ano, aos meus filhos já foram retiradas duas faltas injustificadas, porque não o eram efectivamente. Graças a Deus que a directora de turma é uma professora sensata.
E tudo proquê? porque é uma turma dificil. Os professores optam pela via mais fácil. Colocam-se todos na rua. Independentemente de quem está ou não a ser indisciplinado.
Isto gera raiva também nos que são discipliandos. e torna-se um ciclo vicioso. Porque da próxima vez vão ter mais tendência para se borrifar na "boa educação", afinal, vão todos para a rua mesmo...
Tenho 2 cunhados professores, e vários amigos professores.
Estou a estudar psicologia da educação no ensino superior.
Vejo portanto todos os lados.
Tem que existir formação de ambos: educadores e professores.
Há um livro muito interessante de Augusto Cury: pais brilhantes, professores fascinantes. Aborda todas esta problemática e chama mesmo aos professores de herois.
E é verdade. face à pouca formação que têm para lidar com os alunos, são autenticos herois no meio de uma selva cada vez mais agressiva gerada pela propria sociedade.
No meio de tudo isto não há culpados: nem os professores, nem os alunos. A culpada é a própria sociedade que desenvolve estigmas e paradigmas, preconceitos sem sentido algum.
Bjs.
T.

Anónimo disse...

É fácil culpar a sociedade dos males de que padece mas não nos esqueçamos que nós somos a sociedade. Um indivíduo pode ser desculpabilizado porque a sociedade o estigmatizou, mas esta é também o reflexo do que nós nela colocamos. Os valores familiares, percursores da nossa sociedade, foram pervertidos e atropelados.Resultado? Culpamo-nos todos uns aos outros.

Avozinha disse...

Caro Anonymous: convido-o/a a identificar-se.

Dulce disse...

Eu já fui professora, mas felizmente já não sou. Procurei um emprego banal que me permitisse voltar para casa sem culpas nem angústias graves... e encontrei-o, graças a Deus. Durante muitos anos li muitas opiniões sobre os professores e a educação e desenvolvi muito raiva. Porque os culpados de tudo eram sempre os professores. Ainda hoje, oito anos depois de ter definitivamente abandonado a escola, tremo de indignação e desespero quando ouço discursos inflamados e infundados sobre os horríveis professores.
Nutro um ódio de estimação particular por Daniel Sampaio e as suas muitas teorias.
Mas gostei de ler o que disse a Tinoca Laroca. Eu era, sim, uma má professora, porque era uma professora infeliz. Mas tive alunos que me consideraram a "melhor professora do mundo". Tive alunos com quem gostaria muito de ter continuado. Acho que nos falta equilíbrio nesta questão, como em quase todas. Eu "ESTOU FORA!". Com muito gosto. Mas desejava realmente que se chegasse a um consenso e um entendimento que me parecem cada vez mais difíceis, para bem de todos. Para bem do nosso futuro e do das nossas crianças.
(Andamos aqui de fisgas apontadas aos culpados, que são sempre os outros... não vamos longe por este caminho)