Lembrei-me ontem de um ex-colega do saudoso Externato Acrópole: o dr. F. era professor de Filosofia e, nos anos 80 e 90, já um homem bastante maduro. Era de uma cortesia a toda a prova para as mais jovens colegas e pertencia ainda a uma família da antiga nobreza. Nunca falhava o seu lanchinho das 5 horas: ia buscá-lo ao bar, sentava-se no 'seu' cadeirão na sala de professores e colocava a bandeja sobre um caixote do lixo virado ao contrário. Nós comentávamos jocosamente: "Já se viu um conde a comer em cima do lixo?"
Num determinado ano, rendeu-se por completo aos encantos de duas novas colegas de Biologia, muito jovens e fanáticas por chocolate. Então, ao subir o Chiado, passou a entrar numa das duas lojas que então lá se especializavam em chocolates e a trazer sempre uma tabletezinha para elas.
Nunca mais o vi! Mas que saudades!
31.3.06
30.3.06
Homenagem retardada à Primavera e ao Dia da Poesia
29.3.06
Em defesa
Dos profs mais jovens:
- Têm que andar com a mala às costas durante vários anos
- Nunca sabem se vão ficar colocados desta vez
- Apanham sempre as piores turmas
- São frequentemente desrespeitados pelos alunos, pelos funcionários e por colegas
Dos profs mais velhos:
- Já passaram pelas mesmas viagens dos mais novos
- Já viveram as mais variadas reformas no ensino
- Nunca viram as coisas caminhar para melhor
- Já não há alunos como antigamente
Os mais velhos já foram mais novos, mas às vezes já se esqueceram. Os mais novos serão com toda a probabilidade mais velhos, mas vivem na ilusão da eterna juventude.
Como nos entenderemos?
- Têm que andar com a mala às costas durante vários anos
- Nunca sabem se vão ficar colocados desta vez
- Apanham sempre as piores turmas
- São frequentemente desrespeitados pelos alunos, pelos funcionários e por colegas
Dos profs mais velhos:
- Já passaram pelas mesmas viagens dos mais novos
- Já viveram as mais variadas reformas no ensino
- Nunca viram as coisas caminhar para melhor
- Já não há alunos como antigamente
Os mais velhos já foram mais novos, mas às vezes já se esqueceram. Os mais novos serão com toda a probabilidade mais velhos, mas vivem na ilusão da eterna juventude.
Como nos entenderemos?
28.3.06
27.3.06
26.3.06
25.3.06
24.3.06
Palmatoadas
"Começavam a haver crianças".
Sic Mulher, legenda de "Dr. Phill", 22/3.
(A propósito, uma tradução profissional para esta série é o mínimo que se exige, ou não?)
Sic Mulher, legenda de "Dr. Phill", 22/3.
(A propósito, uma tradução profissional para esta série é o mínimo que se exige, ou não?)
23.3.06
E agora, Eta?
Tantos anos e tantas centenas de mortos depois, perdido por completo o apoio da população, valeu a pena?
22.3.06
21.3.06
Neta
A minha neta M. adora a Minnie, a Pequena, que os avós maternos lhe trouxeram da Eurodisney. Já nem faz nada sem ela.
Há dias encontrámos essa outra, a Minnie Grande, e fizémos uma reunião de Minnies.
Pergunto: "M., gostas mais da Minnie Pequena ou da Minnie Grande?" (Como se eu não soubesse a resposta). Diz prontamente: "Do papá".
20.3.06
A pérola II
Lembram-se do que a 19/11 aqui escrevi acerca deste meu jovem 'afilhado' de nome Labaredas? Pois ontem ele e os seus companheiros de teatro brilharam numa ópera levada a efeito na belíssima Sala do Trono do Palácio de Queluz. Elenco muito jovem, ópera escrita e representada apenas por jovens.
"Break a leg!"
19.3.06
Dia do Pai
Foi há muitos anos que lhe ofereci este postal. Eu sei que é piroso, mas adiante.
Nunca esquecerei o brilho dos seus olhos quando me olhou, depois de ler as palavras. E o que até então tinha sido quase insignificante passou a ter redobrado valor para mim.
E hoje, em que adoraria poder dar-lhe as mais pirosas prendas do Dia do Pai, postais, peluches ou after-shaves, a sua lembrança ainda me fala de paz e serenidade.
Até logo, paizinho.
18.3.06
17.3.06
Paris já está a arder?
Imagem chocante esta do Público de ontem.
Como é que a cidade das luzes, do conforto e da cultura é palco de lutas raciais, primeiro, e de jovens burgueses, agora?
Mas nada é suficiente para os nossos jovens?
É fácil cair em extremismos nesta altura dos acontecimentos. Já em Maio de 1968 as coisas começaram de forma muito semelhante, para se virem a tornar num ícone do século XX.
16.3.06
15.3.06
Já notaram
que o nosso primeiro fala sempre zangado, mesmo quando está (aparentemente) a anunciar coisas boas?
14.3.06
13.3.06
A morte de Milosevic
O mundo lamenta a morte do grande déspota sérvio, sem ter recebido a justa sentença pelos seus actos. Mas não é isso que acontece quase sempre? Hitler? Stalin?
12.3.06
11.3.06
Verídico
A senhora tinha deixado de manter contacto com o filho há algum tempo, devido a incompatibilidades. Vivia sozinha com o cão, rafeirito que lhe acompanhou os últimos tempos de vida.
Não sei como ninguém estranhou a sua ausência, nem o padeiro, nem o merceeiro. Pelo contrário, só se aperceberam da presença do cheiro, um cheiro insuportável que enchia o prédio.
Aí, veio a polícia.
O filho foi chamado no emprego para vir a casa da mãe, morta havia vários dias ou até semanas, ninguém sabe.
O cão estava ainda lá, mas morreu rapidamente de inanição.
Não sei como ninguém estranhou a sua ausência, nem o padeiro, nem o merceeiro. Pelo contrário, só se aperceberam da presença do cheiro, um cheiro insuportável que enchia o prédio.
Aí, veio a polícia.
O filho foi chamado no emprego para vir a casa da mãe, morta havia vários dias ou até semanas, ninguém sabe.
O cão estava ainda lá, mas morreu rapidamente de inanição.
10.3.06
9.3.06
Percebem de gatos?
8.3.06
7.3.06
6.3.06
A nossa sociedade
Saio a empurrar o carrinho da minha neta J., acompanhando a respectiva mãe.
Subimos e descemos ruas, escalamos escadas para cima e para baixo num centro comercial. Muitas vezes, temos que pegar no carrinho em peso, para descobrir que a neta pesa muito mais desta maneira.
Uma coisa constato que muito me surpreende. Quando fazia o mesmo há 20 e tal anos, havia sempre gente a espreitar para dentro do carrinho e a dizer gracinhas para o bebé. Quando tentava descer ou subir escadas, havia sempre uma mão amiga para me ajudar.
Agora, nada. Se for preciso, ainda atropelam o carrinho com bebé e tudo.
Pergunto: o que aconteceu à nossa sociedade?
Subimos e descemos ruas, escalamos escadas para cima e para baixo num centro comercial. Muitas vezes, temos que pegar no carrinho em peso, para descobrir que a neta pesa muito mais desta maneira.
Uma coisa constato que muito me surpreende. Quando fazia o mesmo há 20 e tal anos, havia sempre gente a espreitar para dentro do carrinho e a dizer gracinhas para o bebé. Quando tentava descer ou subir escadas, havia sempre uma mão amiga para me ajudar.
Agora, nada. Se for preciso, ainda atropelam o carrinho com bebé e tudo.
Pergunto: o que aconteceu à nossa sociedade?
5.3.06
4.3.06
Políticas da educação
O governo vai apostar mais na formação profissionalizante nas escolas secundárias, já que, afirma o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, "a maioria dos jovens que abandona o ensino secundário fá-lo por não encontrar resposta nas actuais vias de formação de carácter mais tradicional".
Acho bem a aposta.
Mas, permita-me, senhor secretário, que discorde das razões invocadas.
A maioria dos jovens abandona o ensino secundário porque não traz formação suficiente do básico para aguentar as novas exigências. Raramente tenho visto um aluno abandonar, sem que seja por não conseguir ter positiva a uma série de disciplinas, entre elas a minha, Inglês.
E isso não vai mudar, enquanto não for maior a exigência a nível do Básico nas disciplinas de seguimento, por exemplo a Matemática e as línguas.
Quando nos chegam alunos ao 10º ano que nunca tiveram sucesso a Inglês, pouco mais nos resta do que prepararmo-nos para os ver abandonar a escola sem completar o 12º ano, mais tarde ou mais cedo. Nós bem fazemos revisões gerais, bem nos viramos do avesso, mas é muito muito difícil.
Claro, senhor secretário, podem continuar com a medida que têm vindo a usar: acabam com os exames; em vez de exigir que se façam todas as disciplinas no secundário podem sempre permitir que os alunos o completem sem as ter feito todas.
Mas depois não se queixem que temos uma sociedade funcionalmente analfabeta!
Acho bem a aposta.
Mas, permita-me, senhor secretário, que discorde das razões invocadas.
A maioria dos jovens abandona o ensino secundário porque não traz formação suficiente do básico para aguentar as novas exigências. Raramente tenho visto um aluno abandonar, sem que seja por não conseguir ter positiva a uma série de disciplinas, entre elas a minha, Inglês.
E isso não vai mudar, enquanto não for maior a exigência a nível do Básico nas disciplinas de seguimento, por exemplo a Matemática e as línguas.
Quando nos chegam alunos ao 10º ano que nunca tiveram sucesso a Inglês, pouco mais nos resta do que prepararmo-nos para os ver abandonar a escola sem completar o 12º ano, mais tarde ou mais cedo. Nós bem fazemos revisões gerais, bem nos viramos do avesso, mas é muito muito difícil.
Claro, senhor secretário, podem continuar com a medida que têm vindo a usar: acabam com os exames; em vez de exigir que se façam todas as disciplinas no secundário podem sempre permitir que os alunos o completem sem as ter feito todas.
Mas depois não se queixem que temos uma sociedade funcionalmente analfabeta!
3.3.06
O travesti
Incomoda-me esta história.
Grandes manifestações de amigos, levantamento de fundos para pagar o funeral do pobre ele/a que foi morto no Porto.
Pergunto: onde estavam os amigos quando o/a pobre foi perseguido, sovado e apedrejado por um bando de rufias? Onde estava a agora horrorizada população? Onde estávamos todos?
Grandes manifestações de amigos, levantamento de fundos para pagar o funeral do pobre ele/a que foi morto no Porto.
Pergunto: onde estavam os amigos quando o/a pobre foi perseguido, sovado e apedrejado por um bando de rufias? Onde estava a agora horrorizada população? Onde estávamos todos?
2.3.06
Ainda o Carnaval
Confidencia-me uma colega, para meu grande espanto, que embora não aprecie o Carnaval, se mascarou de criada e foi para um bailarico. Faço um silêncio embaraçado: nunca imaginei que alguém ainda mais velho que eu se vestisse fosse do que fosse por esta altura.
Mas bem, deve ter-se divertido muito. Qualquer dia, ponho também uma cabeleira, um nariz de palhaço e vou dançar para o Rossio!
Mas bem, deve ter-se divertido muito. Qualquer dia, ponho também uma cabeleira, um nariz de palhaço e vou dançar para o Rossio!
1.3.06
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