A minha amiga
T. desafiou-me a enfrentar as areias do Saara e eu decidi-me a acompanhá-la como navegadora.
Poupo-vos a descrição do sempre enfadonho início da viagem, mas aqui vai uma página do nosso diário de bordo.
Já sabia que o deserto era frio de madrugada, mas nunca imaginei um frio assim! Sobretudo, porque de dia foi aquecendo, aquecendo, aquecendo até a minha amiga, que teima em dizer que adora o verão, começar a suar por todos os poros e a maldizer tanto calor.
O carro em que vamos é o dela, pequeno, mas confortável e ela é uma óptima condutora. Digo eu, que não conduzo!
Eu levo é os mapas na mão. Algo que, no meio das dunas e contra-dunas, deixa completamente de fazer sentido.
O que nos vale realmente é uma invenção chamada Global Posiotioning Device. Sem isso, já estaríamos algures no chamado corno de África. As estrelas também podem ser úteis à noite, mas mais para inspirar poemas.
Que fazemos durante os trajectos? Ora! Pomos a conversa em dia e cantamos, cantamos tudo o que nos vem à garganta, desde o Aleluia de Haendel até ao Lá em Cima Está o Tiroliroliro.
E assim vamos atravessando o nosso deserto, sem nenhuma intenção de acompanhar os outros concorrentes. A Elizabete Jacinto desistiu? Nós nunca desistiremos!