30.11.05

A avozinha da avozinha

Conheci-a tinha eu uns 5 anos. Até então tínhamos vivido numa terra diferente, o que há 50 anos queria dizer ausência de contactos.
Quando ela entrou em nossa casa e na nossa vida, estranhei a sua existência, pois para mim, o meu pai era o Paizinho e não era suposto ter mãe!
Explicada a coisa e vencido o embaraço das primeiras horas, surpreendeu o meu espírito infantil que o nosso gato arisco a tivesse aceite tão incondicionalmente.
Tornou-se rapidamente a nossa Avozinha.
Conversávamos muito. Ia passear com ela a Ranhados (arredores de Viseu), sua terra e do meu pai. Ensinou-me a tricotar um longo cachecol para bonecas, num branco sujo das minhas mãos cheias de outras brincadeiras menos femininas, como por exemplo, jogar à bola com os meus irmãos.
Dizia-me frequentemente: "Quando eu for para o céu, olha para cima, que eu vou estar lá a dizer-te adeus!"
E um dia, muito breve, ela partiu.
Tenho-me esquecido de olhar para o céu.
Mas é em homenagem a ela que me chamo Avozinha.

5 comentários:

Ana Rute Oliveira Cavaco disse...

foi mesmo antigamente...só conhecer uma avó aos 5 anos! os avós são indispensaveis!

Vilma disse...

Linda homenagem! :)))

39 disse...

Muitas vezes esquecemo-nos de gestos simples e tão cheios de significado como este de olhar o ceu...
Beijinhos, muitos, muitos

Ticha disse...

Bonita homenagem

Eu só conheço uma avó a outra faleceu antes de eu nascer

Mas nunca me esqueço

beijocas

Patricia e Melguinhas

Sara CS disse...

: )