31.1.07

As Minhas Respostas à Questão do Aborto

Trato aqui apenas de algumas coisas que eu responderia a alguns argumentos invocados em favor da despenalização / liberalização do aborto.

Dizem: "Devemos ver isto apenas pela razão e pela ciência."
Minha resposta: É exactamente a ciência e a razão que cada vez mais nos permitem ver um ser humano vivo a partir de muito cedo, muito antes das 10 semanas. Quem tenha visto as imagens de uma ecografia de 7 semanas pode ter alguma dúvida?

Dizem: "Uma sociedade moderna permite o aborto por opção. Devemos ser uma sociedade moderna."
Minha resposta: Não sei bem o que se entende por "sociedade moderna". Se é aquela em que a vida não tem valor, então não quero viver numa "sociedade moderna". Os EUA são uma "sociedade moderna", onde se permite além do aborto, a pena de morte. E ouço tantas vozes contra esta "sociedade moderna"!

Dizem: "Não queremos ver as mulheres que abortaram arrastadas pelos tribunais".
Minha resposta: Vamos continuar a ver arrastadas pelos tribunais as mulheres que abortarem às 11, 12, 13, 14 semanas, que as há e muitas. Bem como as que continuarem a abortar fora do sistema legal.

Dizem: "Vamos mandar para a cadeia as mulheres que abortaram em desespero de causa?"
Minha resposta: Não sei se vamos, como também não o sei nos casos de quem rouba por ter fome, ou de quem mata por ser ameaçado de morte. Há , certamente, outras formas de penalizar quem vai contra a lei. Também não gosto de ver preso quem cometeu outros delitos. Mas essa é uma questão mais à frente, a das penalizações. Lamento, mas não é isso que me perguntam no referendo.

Dizem: "Não é justo que as mulheres ricas possam abortar em Espanha com todas as condições e as pobres no vão de escada."
Minha resposta: Concordo, mas também não é justo que os grandes possam fugir ao fisco com todo o à vontade, que possam roubar e até mandar matar em condições de segurança, enquanto os pobres se arriscam não só a ser imediatamente apanhados, mas até a correr risco de vida.

Dizem: "Não é justo para as crianças nascerem sem ser desejadas."
Minha resposta: Não me façam rir! Se só nascessem crianças planeadas, a humanidade tinha acabado há muitas gerações! Aliás, muitas das nossas crianças que hoje vão nascendo não foram planeadas, mas são recebidas com muito amor.

Dizem: "O aborto ilegal é um convite ao desenvolvimento de esquemas marginais, da lucros ilicítos, de criminalidade."
Minha resposta: É verdade, mas acontece com qualquer lei. A lei que proibe o roubo, a que proibe as drogas, a que proibe a condução sem carta, todas elas levam a que se desenvolva um esquema de o fazer de forma ilegal. Nem por isso decidimos descriminalizar o roubo, a droga ou a condução não habilitada.

Dizem: "O descriminalização do aborto não é uma questão moral, é uma questão de saúde pública."
Minha resposta: Como não é uma questão moral? Não é toda a lei uma questão moral e de ética? Tratar da vida não é uma questão moral? Mas sim, é também uma questão de saúde pública das mulheres que abortam e dos nascituros que são mortos.

Dizem: "A natureza desfaz-se muitas vezes dos embriões e fetos até às 12 semanas. Portanto, não se trata de um crime."
Minha resposta: A natureza também "se desfaz" de todos nós a longo prazo, e nem por isso achamos bem matar alguém.

Como todos sabemos, não somos capazes de criar a vida: ela é-nos concedida. Mas já temos a possibilidade de a tirar, embora não esse direito.
Penso que a questão fundamental é esta: o embrião / feto é ou não é um ser humano?
Se é, não podemos permitir que seja morto, só porque convém.

8 comentários:

Dulce disse...

Concordando com tudo isto, ainda me restam algumas dúvidas.
A minha amiga Maria também escreveu um texto que me pareceu bem fundamentado sobre isto. Queres ler? http://alguma-prosa.blogspot.com

Anónimo disse...

Ontem vi parte de um documentário na 2: sobre as chaminés geotermais no fundo do mar, a vários kms de distância da superfície, um local completamente inóspito, sem qualquer réstia de luz, com temperaturas de mais de 300ºC no local por onde saem os gases que vêm do interior da terra. Os cientistas estavam surpreendidíssimos por terem descoberto que nesse mesmo ambiente, a rodear toda a chaminé geotermal, a vida começa a desenvolver-se com simples bactérias, que por sua vez vão permitir o desenvolvimento de outras formas de vida, como caranguejos e muitos outros.
Pergunto-me como o homem pode valorizar tanto a vida que surge nestas condições, tendo a noção que é vida e, logo, fundamental a todo o ambiente à volta (sabendo agora que, se a vida é possível neste meio, tb seria viável em planetas onde as condições são igualmente agrestes), e depois não reconhecer o valor de um embrião humano.
Acredito que a maior parte das mulheres que abortam não seriam capazes de matar um gatinho recém-nascido, mas têm a coragem de mandar matar o seu próprio bebé no seu próprio corpo. Não tem lógica!

Sónia e MI disse...

:)))
Como gosto de vir aqui e ler o que escreves.
Concordo com tudo, e sabe-me bem ver alguém pelo "não" , só vejo "sim´s" e pouco respeito por quem é de opinião diferente.

Unknown disse...

è muito complicado ser-se a 100% pelo Não ou pelo Sim...
Beijo

Anónimo disse...

Peço desculpa, respeito as suas "respostas", mas achei o texto de uma enorme incoerência.

Uma das que me ficou, porque este é um assunto interminável e não vou analisar o texto :), filho desejado e filho planeado são conceitos totalmente distintos, como bem deve saber, mas penso que os usou como equivalentes.

De qualquer forma, se a pergunta é essa, se o cerne da questão está em matar/não matar um vida presumo que esteja a favor da mudança, de qualquer forma, da lei actual. Porque os embriões das violações e com malformações também são vidas, certo? E então a lei está erradíssima: mulher que aborta, mata vida? Mata uma criança, um bebé? Então 3 anos não é POUCO? Infanticídio, certo?

Hadassah disse...

muito objectivo e sem falsos moralismos ... a nossa vida não nos pertence, quanto mais outra...
Um abraço,
Hadassah

Avozinha disse...

Cara Mia: É favor ler os 'posts' anteriores sobre o assunto.

Anónimo disse...

Só tenho pena de estar tão longe e não poder votar : não. Porque a vida vale SEMPRE a pena ser vivida, mesmo aqui em África, onde tudo é tão dificil ... mas, enquanto há vida há esperança, não ?